terça-feira, 20 de outubro de 2009

Morfina

Como rosas em dias de inverno
Eu não saberia absorver tudo que reflete em mim...
Se os raios de meus olhos são distantes ao azul eterno
Desse céu em meu imo que me consome, deflagra obstante assim.

Mordo muito meus lábios moídos, morfina!...Mas não os sinto sangrar
Dói dor desafinada, distorcida e derramada... Doente de ti,
Mas não em minha carne...mais a dentro, corrompe e toma meu ar
Em fulgor forte, como farol em noite de ir e vir.

Amor, minha morfina... em meu âmago moral,
Feminina, fulminante, fugaz e linda.
Feroz, Feitosa, afastada do mal.
Meu amanhã no hoje ainda...

Insano pelo efeito tão voraz e triste aqui,
Na profundeza romântica de minha amada guardada...
Como ludibrie lúdica luz, esgotada em si,
Em meus olhos fechados, em minha respiração calada...
Em minha alma roubada.

Serão tão mortas as estrelas do céu?
Pois bem, esse brilho ainda não morreu,
Por que toda essa amplidão me deixa tão só e distante?
Saber escrever sobre amor já não é mais o bastante.

Não traz minha querida,
Que abracei, vi largada, levada e elevada sobre luz tal. Minha menina.
Se estou leve, lento, longe e livre...Leve-me, morfina!
Que, assim, essa dor se esvai, ainda que aguerrida...

Em meu peito frio,
Nas lágrimas dela,nos olhos meus... Que alimentam o rio
De toda minha cela, de toda e toda sina.
Em nossa pele, em toda áurea...Morfina.

Edge M.M

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